28.8.07

Alfarrábios

O novo parceiro de Chico Buarque
Olga de Mello
08/06/2001





Documentar a vida real nunca teve mistério para Nelson Pereira dos Santos, que, nos anos 50, fez documentários para Jean Manzon e I. Rozemberg, além de enfocar personagens reais em "Memórias do Cárcere", baseado no livro de Graciliano Ramos. Uma realidade menos dura do que a dos nordestinos de "Vidas Secas", outra obra de Graciliano que Nelson filmou, é seu próximo trabalho. Dentro das comemorações pelo centenário de Sérgio Buarque de Hollanda, ele dirige um documentário para o Canal GNT, contando, desde já, com pelo menos seis parceiros para o roteiro: os filhos do historiador, entre eles Miúcha e Chico.


Animado com a perspectiva de se tornar parceiro do mais festejado compositor brasileiro, Nelson explica que precisa da colaboração dele e dos irmãos menos ilustres do historiador, que só conheceu socialmente. "Preciso do apoio de todos eles. Quero contar a história de Sérgio a partir da ótica dos filhos e da viúva, Maria Amélia, com os quais esse professor desenvolveu uma relação muito bonita. A Miúcha será a primeira a trabalhar no roteiro", revela Nelson, autor de um documentário sobre Gilberto Freyre, também para o GNT.


"Gosto do espaço que esses canais fechados dão para o documentário. E me interessei em recordar a vida desses homens que, através de uma visão científica, quiseram explicar o Brasil. Eles são os grandes explicadores do Brasil. Até hoje conseguimos entender um pouco deste país graças aos estudos deles", acredita o cineasta, que não tem dificuldade em trabalhar para a TV.


"Já havia feito programa de TV. A diferença de veículo é pequena. Fazer um filme é como escrever um livro. Já televisão é como escrever em redação de jornal: o processo de criação obedece a prazo mais severo, delimitações de data. Não sou capaz de viver sempre sob pressão. No entanto, esse tipo de documentário é um trabalho mais livre e que dá oportunidade de nos debruçarmos sobre o pensamento de homens tão importantes para o país", diz.


Apesar disso, Nelson diz não ter planos de fazer um terceiro documentário sobre outros "explicadores" em seguida a esse filme, que deverá ficar pronto no início de 2002: "Quero voltar à ficção."

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