8.2.11

Valor Econômico - Livros

Lançamentos: Assuntos consagrados devem disputar espaço com obras de apelo oportunista.
O outro lado das histórias vai chegando às livrarias
Por Olga de Mello, para o Valor, do Rio



Os negócios na era da internet, revelações sobre os bastidores de empresas bem-sucedidas - e o desacordo entre seus criadores -, as perspectivas econômicas dos países emergentes, desenvolvimento sustentável. As mais recentes abordagens desses temas, sob diversos ângulos, são as principais apostas das editoras brasileiras, em 2011, na área de economia e negócios. Os lançamentos apresentam o que há de mais recente em administração e gestão, incluindo ainda estudos sobre a consolidação das companhias que hoje dominam o panorama econômico mundial.

À parte as escaramuças judiciais travadas no momento em que as sociedades são desfeitas, tornou-se comum executivos contarem o seu lado da história em livro - principalmente os que dependem da imagem pública para tocar suas próprias carreiras. O ex-porta-voz do Wikileaks, Daniel Domscheit-Berg, é um desses. Seu livro "Inside Wikileaks", que sai no Brasil pela Campus/Elsevier, tem lançamento mundial em março. Domscheit-Berg, que trabalhou três anos com Julian Assange na elaboração do site, já anunciou seu novo projeto, o portal Openleaks - informativo, simplesmente, sem o objetivo de divulgar documentos secretos.

Em abril, a Campus/Elsevier lança "Idea Man", de Paul Allen, cofundador da Microsoft, que acusa o ex-sócio Bill Gates de tê-lo prejudicado na empresa. Seguindo uma linha mais tradicional, o fundador da Starbucks, Howard Schultz, conta como fortaleceu a rede de cafeterias em "Onward", que chega às livrarias no mesmo mês, quando também sairá "Macrowikinomics", a análise de Don Tapscott, um dos mais reconhecidos especialistas em internet, sobre o atual momento das mídias sociais.

Ainda enfocando o universo das empresas virtuais, a Saraiva publica, em agosto, "Nos Bastidores do Google", de Aron Goldman, que examina a trajetória de fortalecimento da marca. Outros lançamentos da editora em 2011 privilegiam a visão sobre companhias e empreendedores que estabeleceram novos padrões em negócios. Em maio sai "Be Our Guest", uma publicação do Instituto Disney, que analisa a metodologia Disney no atendimento de clientes. Na contramão da inovação está o especialista em estratégia internacional Oded Shenkar. Autor de "Copycat", que a Saraiva lança em maio, Shenkar argumenta que observar e imitar iniciativas já consagradas por concorrentes é menos oneroso do que investir em estratégias ainda não experimentadas.

Em contraponto às ideias de Shenkar está "Risco", de John Adams, que será publicado no Brasil pela editora Senac-SP. O ambientalista e geógrafo britânico acredita que o fascínio pelo risco estimula as soluções para superar desafios, o que pode ser aplicado no gerenciamento estratégico empresarial.

O desenvolvimento sustentável como valor para toda a sociedade, e não apenas item obrigatório das agendas de responsabilidade social das corporações, é destaque em três títulos da Senac-SP. "Economia e Ecologia", de Frank Dominique Vivien, defende a compreensão integral do conceito, combinando a proteção da natureza com o crescimento econômico. Em "Sustentabilidade - A Legitimação de um Valor", o economista José Eli da Veiga analisa o significado de sustentabilidade dentro do panorama atual, incluindo não apenas os esforços de proteção ao ambiente, mas a necessidade da incorporação do conceito por todas as camadas da sociedade. "Novos Indicadores de Riqueza", de Jean Gadrey e Florence Jany-Catrice, discute parâmetros, além do produto interno bruto (PIB), para a aferição do índice de crescimento econômico, entre eles a qualidade de vida e a conservação ambiental.

Os novos caminhos da economia mundial levam a reflexões sobre o papel dos governos. Uma análise sobre o chamado capitalismo de Estado está em "O Fim do Livre Mercado", de Ian Bremmer, que a Saraiva lança em março. Presidente do Eurasia Group, consultoria especializada em análise de riscos políticos globais, Bremmer critica os sistemas em que o Estado utiliza o poder dos mercados para o controle da geração de riquezas, além de questionar o sucesso do crescimento econômico da China, por não estar associado à liberdade de expressão.

A indução de consumo em países emergentes merece estudo detalhado em "Admirável Marketing Novo" (Bestbusiness), de Max Lenderman. Para conquistar novos consumidores vale até fundar um banco. O Russian Standard, responsável pela emissão de 77% dos cartões de créditos da Rússia, foi criado para fortalecer a marca do mesmo nome, atualmente a vodca mais vendida no país.

Em março, a Campus/Elsevier lança "Brasil 2022", uma compilação de artigos de especialistas em economia e política, organizada por Fabio Giambiagi e Claudio Porto. Segundo o diretor da editora, Igdal Parnes, o livro permite fazer uma projeção de "como será o cenário do Brasil na época da comemoração do bicentenário da Independência, num percurso que começa com a estabilização da moeda.

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